6 de dezembro de 2013

Olhando Para o Alto

 

 Fomos chamados para viver acima das circunstâncias e ter os nossos olhos no Senhor.
 
 As Escrituras Sagradas nos dizem que Satanás veio para roubar, matar e destruir (Jo 10.10). Esta era uma das menções bíblicas que eu mais gostava de pregar, dando ênfase ao fato de que Cristo, por sua vez, veio para nos dar vida e vida com abundância.
Eu sempre dizia que o diabo vive tentando roubar a saúde, o dinheiro e a família de cada vivente, pois ele não quer que ninguém seja feliz sob as bênçãos de Deus. Mas o fato é que o diabo não está tão preocupado com estas coisas, elas não são seu verdadeiro alvo. O que ele verdadeiramente quer é roubar nossa fé e relacionamento com Deus. Este é seu fim, seu grande objetivo; mas roubar a saúde, o dinheiro e a família, são MEIOS QUE ELE USA para tentar conseguir chegar onde realmente quer.
Portanto, precisamos aprender a viver olhando para o alto, com nossos olhos fixos no Senhor em todo tempo, independentemente das circunstâncias à nossa volta. E o processo de ser mais que vencedor tem a ver com isto. No fim da prova Deus não somente nos dá a vitória, como também nos ensina a apegarmo-nos mais a Ele, vivendo acima das situações externas.
A geração atual de crentes vive olhando somente para as coisas terrenas, não tem seus olhos em Deus. Nossa pregação praticamente só enfatiza o que é terreno, quase não se leva as pessoas a olharem o celestial; mas segundo a exortação bíblica, devemos levantar nossos olhos:
“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.” (Colossenses 3.1-3)
Note o mandamento da Palavra que vem como um imperativo: Buscai e pensai nas coisas do alto, não nas que são da terra. Em toda a Bíblia encontraremos advertências quanto à termos nossos olhos no alto em vez de na terra.
No Tabernáculo de Moisés, que Deus o mandou construir segundo o exato modelo das visões que ele teve no monte, é impressionante a ênfase figurada que o Senhor deu deste assunto. Quando mandou Moisés fazer as quatro coberturas que se sobrepunham como teto da tenda da revelação, o Pai Celestial mandou que elas fossem todas bordadas, embelezadas; eram um verdadeiro espetáculo artesanal que ninguém hoje poderia reproduzir, pois a arte não era meramente humana, Deus havia enchido os artesãos com seu Espírito para que pudessem executar o modelo divino ordenado.
Portanto, quando alguém entrava na tenda da revelação, se queria ver algo belo tinha que olhar para cima, para o alto. Mas se conservasse seus olhos no chão não veria beleza alguma, pois Deus nunca mandou que fizessem nenhum tipo de piso, aonde acampavam utilizavam-se da própria terra do local. Enquanto o teto era indescritivelmente belo, o chão era feio, de terra. Assim também é na vida cristã, a beleza do andar com Deus está quando aprendemos a olhar para o alto, para Deus mesmo e as coisas celestiais; não há beleza numa vida de preocupação somente com o terreno.
Não há nada espiritualmente belo num evangelho que só prega sobre o dinheiro e os caprichos deste mundo como se isso fosse a prosperidade bíblica! Não se engane, nossos olhos devem se levantar bem acima do que é terreno, sejam os atrativos deste mundo ou as circunstâncias negativas que nos cercam; devemos olhar para o alto em todo tempo.
Crentes que só se preocupam com o dinheiro e seus negócios, não servirão ao propósito divino da colheita de almas, pois para se ter a sensibilidade espiritual de ver a necessidade dos perdidos é preciso tirar os olhos das coisas terrenas e levantá-los para os céus. Jesus mesmo disse: “erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (Jo 4.35).
Por que o Mestre disse isto aos discípulos? Porque enquanto eles só haviam pensado em buscar comida e saciar sua fome naquela aldeia de samaritanos, Jesus se preocupara em ganhar aquela mulher que estava junto ao poço de Jacó, e ela por sua vez, trouxe praticamente toda a aldeia para ouvi-lo.
Então ele lhes diz que se nossos olhos estiverem no chão, cuidando apenas das coisas terrenas, não enxergaremos os campos brancos para a ceifa; ou seja, não teremos a sensibilidade de ver a necessidade espiritual das pessoas. Temos que olhar para o alto se queremos ser úteis ao Senhor, pois aqueles que só olham para o chão desanimam-se nas horas difíceis e deixam de servi-Lo. Já quanto aos que têm seus olhos no Senhor, não há o que os faça parar.
Prender nossos olhos no chão é o grande plano satânico contra nossas vidas; ao atacar nossa saúde, família e bens, o que o maligno quer de fato é tirar nossos olhos do Senhor, fazendo com que fitemos somente o chão, o terreno. Embora, como diz meu pai, tirar os olhos da terra não significa tirar os pés do chão (a perda do pragmatismo e da disciplina). Há um texto bíblico que revela esta astúcia do inimigo em seus ataques; examinêmo-lo com suas figuras espirituais:
“E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se. Vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade; e, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus.” (Lucas 13.11-13)
Esta mulher andava encurvada por quase duas décadas, e não havia meios de se endireitar pois sua doença era espiritual e não física. Tratava-se de um espírito maligno de enfermidade, um agente de Satanás prendendo seu corpo. Sabe, há uma figura aqui; esta mulher vivia olhando somente para o chão; sua costa encurvada a impedia de andar olhando para cima. Podemos ver em operação na vida desta mulher o verdadeiro plano maligno contra cada cristão; Cristo disse que ela estava numa prisão de Satanás:
“Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos?” (Lucas 13.16)
Estar numa prisão de Satanás não quer dizer que o próprio príncipe das trevas a prendia pessoalmente, pois já vimos que era um enviado dele, um espírito de enfermidade, quem realizava o trabalho. Mas Jesus mostrou que tal espírito maligno só estava cumprindo ordens de seu chefe, o que nos permite ver que o plano era de Satanás e a execução era do subalterno dele. Por que é importante notar isto? Para entendermos que o inimigo não nos ataca só por atacar, ele tem planos e estratégias para tentar nos derrubar e devemos nos prevenir contra ele!
Que tipo de prisão era esta que Jesus mencionou? Não era a doença e nem o espírito de enfermidade em si, mas a que ponto ele levava esta mulher. Ela não podia olhar para o alto! É isto que o diabo quer, que tiremos os nossos olhos de Deus; esta era uma crente da época, pois foi chamada de “filha de Abraão”, referência dada não só por ser naturalmente descendente do patriarca, mas por esperar na promessa divina feita a ele.
Também vemos que ela estava na sinagoga, o que poderíamos chamar de a igreja da época. Não se tratava de uma pecadora qualquer que nada queria saber acerca de Deus, mas de alguém que o temia, cria n’Ele e queria andar em sua presença.
Semelhantemente, Satanás tenta nos prender com os olhos no chão, para que não olhemos para cima. E por que ele nos ataca desta forma? Porque ele não pode nos arrancar das mãos de Deus, como Jesus mesmo falou:
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um.” (João 10.27-30)
O diabo jamais poderá nos tirar das mãos de Jesus! Nunca! Temos um claro pronunciamento de Jesus Cristo neste sentido. Mas ele vai atacar com sutileza; ele quer nos indispor com o Senhor, fazendo com que nos voltemos contra Ele, porque então nós mesmos desceremos dos braços do Senhor e estaremos expostos. No livro do Apocalipse, o Senhor faz menção da doutrina de Balaão, que costumava ensinar Balaque a por tropeços diante dos filhos de Israel para que pecassem (Ap 2.14).
Lemos em Números que Balaque contratou Balaão para amaldiçoar a Israel pois tinha medo de ser por ele destruído na batalha. Deus advertiu a Balaão que não fosse após Balaque, mas ele amou o prêmio da injustiça e desobedeceu. Mas não conseguiu amaldiçoar ao povo do Senhor, pois em cada uma das quatro vezes em que tentou fazê-lo, Deus mudou suas palavras em bênçãos sobre os israelitas. Vendo que nada podia contra o povo, Balaão aconselhou Balaque, rei dos moabitas, a enviar as mulheres do seu povo ao arraial dos israelitas para que se prostituíssem com eles e então os levasse a adorar os deuses delas.
Qual foi o pensamento de Balaão? Ele viu que não havia como tocar o povo pois eles estavam debaixo da proteção divina e com Deus ninguém pode; então a única saída seria colocar o povo contra Deus, visto que Deus não abandonaria o povo. E quando através do pecado da prostituição e também da idolatria o povo se afastou do Senhor, então ficou vulnerável, e a ira do Senhor se acendeu contra o povo.
O que Balaão não podia fazer contra o povo, fez com que o próprio povo fizesse contra si mesmo! É assim que o diabo age. Uma vez que ele não pode tirar-nos da mão do Senhor, nem fazer nada contra nossas vidas por permanecemos em Cristo, então tenta nos colocar contra o Senhor, para que saiamos do colo d’Ele e fiquemos vulneráveis.
Esta é a razão porque o maligno tanto tenta prender nossos olhos nas coisas materiais, para que quando conseguir tocar nelas isto venha a doer em nós a tal ponto de nos indispormos contra Cristo. Mas na vida daquele que ama o Senhor e tem os olhos n’Ele, o inimigo não consegue isto.
Isso nos permite ver porque Satanás investe tanto contra o que possuímos, não porque seja isto o que ele queira, mas por ser o meio para que ele tente chegar onde realmente quer chegar: minar nossa fé e relacionamento com o Senhor.
Mas diante disto podemos também enxergar porque Deus permite o inimigo investir contra estas áreas de nossas vidas; cada ataque maligno pode ser visto como um tempo de treinamento e adestramento para os soldados do exército divino. No paralelo natural, nunca vemos num quartel os soldados prepararem-se para a guerra passando um ano inteiro deitados em redes com sombra e água fresca.
Não! Pois isto não prepara ninguém! Também o Senhor não treina seu exército no bem-bom da vida, mas em meio às provas e tribulações. E muitas vezes Deus permitirá o ataque do maligno contra seus bens materiais para que ao fim você não apenas vença, mas seja mais que vencedor, seja alguém tratado pelo Senhor; pois enquanto Satanás nos tira algo tentando fazer com que nosso coração egoísta se volte contra Deus, o Senhor por sua vez, permite que aquilo seja temporariamente tirado até que nosso coração aprenda a não se apegar àquilo mais do que a Deus.
Às vezes será do interesse não só do diabo, mas também de Deus que algo nos seja temporariamente tirado. Percebi isto depois de um acidente de carro que tive; não era somente Satanás que queria me tirar o carro e o ministério, mas naquele momento singular da minha vida Deus também queria muito fazê-lo! Não só para me conduzir ao seu plano para a minha vida, mas para me fazer entrar no “tratamento de Deus comigo”.
Mas o golpe do diabo doeu em mim porque minhas coisas valiam mais para mim do que eu imaginava; meus olhos estavam no chão e não no alto. Mas Deus me ensinou, e como Paulo posso dizer que aprendi. Quando um homem ou uma mulher de Deus colocam seus olhos no Senhor e assim permanecem, serão vitoriosos. Tenho aprendido que os ataques mais atrozes do inimigo, como aqueles em que pessoas chegaram ao ponto de morrer por Cristo, não visavam tocar nas circunstâncias e nem mesmo na vida destas pessoas; o diabo não queria que morressem, mas que, por medo da morte negassem Jesus.
Cada vez que um mártir derramou seu sangue pelo evangelho, Satanás não ganhou, só perdeu. Pois o heroísmo dos mártires somente fortaleceu o evangelho, nunca o enfraqueceu. Nosso conceito de vitória ainda é muito carnal, terreno; mas os mártires foram além disto e venceram ao diabo (Ap 12.11), pois sabiam manter seus olhos no Senhor. Veja um exemplo disto:
“Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus. Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.” (Atos 7.55-60)
O relato bíblico diz que Estevão, cheio do Espírito, FITOU OS OLHOS NO CÉU. Algo que o Espírito Santo vai operar em nós à medida em que nos rendemos a Ele, é tirar nossos olhos do chão para o céu; das coisas terrenas para as celestiais. Estevão foi o primeiro mártir e nos deixou um modelo perfeito de vitória sobre o inimigo: seus olhos estavam em Deus, não no que é terreno.
E neste texto tenho descoberto um princípio espiritual figurado muito forte: Quando nossos olhos estão no Senhor, somos anestesiados para os ataques malignos contra nossa vida! Estevão foi milagrosa e sobrenaturalmente anestesiado por Deus contra as pedradas que o mataram; o texto diz que enquanto o apedrejavam ele invocava ao Senhor e orava, e mais: diz que ele se colocou de joelhos, e à semelhança de Cristo na cruz, pediu que o pecado de seus assassinos fosse perdoado.
Ninguém que está sendo apedrejado faz isto; nossa imediata reação é cobrir o rosto e se proteger como puder; mas os olhos de Estevão não estavam em si mesmo, estavam nos céus, e em razão disto podemos dizer que ele foi fortalecido por Deus, ou até mesmo que foi “anestesiado”. Seria impossível em condições normais ele se ajoelhar e ficar olhando para o alto sem se defender, mas algo aconteceu com ele.
E quando colocamos os nossos olhos no Senhor independentemente de que tipo de situação estamos enfrentando, algo também vai acontecer conosco; seremos confortados e anestesiados pelo Senhor, e Satanás não será vitorioso. Pelo contrário, nós é que seremos mais que vencedores! No caso de Estevão, o que veio além da vitória não foi o tratamento, pois ele passou à glória celestial, mas além de vencedor ele recebeu um galardão mais glorioso. É isto que acontece com os mártires; Hebreus 11.35 diz que alguns não aceitaram seu livramento porque visavam uma maior recompensa.
Quando passamos pelas provas e tribulações, Deus não somente nos prepara a vitória que inevitavelmente virá, mas usa o tempo em que nela estamos para tratar com nossa alma. O Senhor lida com todo apego excessivo que temos nas coisas terrenas e nos ensina a ter os olhos n’Ele.
Isto é ser mais que vencedor. É ser tratado por Deus e chegar ao fim da adversidade melhor do que entramos.
 
Autor: Luciano P. Subirá

15 de novembro de 2013

Abandonando a Maledicência

 

 

“Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (1 Pedro 2.1,2)
Este texto fala sobre o crescimento para a salvação, fala sobre o crescimento espiritual. E o apóstolo Pedro, usando uma figura, diz que quando nascemos de novo, somos semelhantes a uma criança recém nascida. E assim como essa criança precisa de alimento para se desenvolver, ele diz que nós também precisamos de crescimento. Só que, diferente da criança que precisa apenas do acréscimo do alimento, ele está aqui dizendo que nós não apenas precisamos desejar o alimento, mas também que algumas coisas na nossa vida precisam ser tiradas, alguns impedimentos que precisam ser removidos para que então busquemos o leite e cresçamos.
E Deus tem me guiado de uma maneira muito clara a reconhecer nestes dias que há um grande impedimento para o nosso crescimento. Há um grande impedimento para o crescimento da igreja de uma forma coletiva, que nos impede de provar mais a graça de Deus e esse impedimento precisa ser arrancado da nossa vida; ele precisa ser deixado de lado, ele precisa ser abandonado.
Embora o apóstolo Pedro fale sobre vários impedimentos, o tempo e a nossa necessidade nos leva tratar de um só deles: a maledicência. A palavra maledicência significa dizer mal ou falar mal. Como crentes em Jesus, somos advertidos a abandonar esta prática:
“Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar”. (Colossenses 3.8)
“Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra, não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens.” (Tito 3.1-2)
Os crentes daquela época não eram diferentes de nós; sabiam muito bem o que é esse problema, de você emitir opinião, fazer julgamentos, interpretar à sua maneira, ou levar à frente algo que alguém já te trouxe… Isto era um problema que eles também tinham, que eles também enfrentavam, e que a Bíblia nos exorta a tomar um posicionamento firme quanto a ele.
Eu quero falar sobre algumas coisas ligadas à maledicência e tentar te ajudar a ver com mais clareza o quanto Deus leva a sério este assunto.
UMA QUESTÃO DE CARÁTER
Em primeiro lugar, quero afirmar para você que do ponto de vista de Deus, deixar a maledicência é uma questão de caráter. Em 1 Timóteo 3.11, há uma lista ali onde o apóstolo Paulo cita alguns critérios que os líderes devem ter em suas vidas. Ele começa falando dos presbíteros e suas esposas, depois ele fala dos diáconos e das suas esposas. E entre estas muitas características, Paulo diz o seguinte: “da mesma sorte, as mulheres sejam sérias, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. Ele diz que elas não devem ser maldizentes. Ele estabelece isto como um traço de caráter, um requisito de Deus para que alguém seja estabelecido em uma posição de liderança.
Muitas vezes, o nosso posicionamento é de separar o que é um “pecadão” e o que é um “pecadinho”; e acabamos tolerando algumas coisas que não deveriam ser toleradas. E não estou falando só sobre falar mal de pessoas; muitas vezes falamos mal de uma circunstância, falamos mal de um momento, alguns chegam a falar mal de si mesmo.
Deus me levou a um texto que mostra que esta questão de não ter na nossa vida a maledicência é algo que Deus olha como um traço de caráter que Ele não negocia. Veja o caso de José. Nós não temos muitas porções bíblicas sobre a pessoa de José, que se casou com Maria, e que foi o pai de Jesus, mas nós sabemos que Deus precisava escolher uma pessoa decente, honrada, que pudesse ser um exemplo e um espelho para o Senhor Jesus na sua criação. Se fosse alguém com o caráter deturpado, se fosse alguém cheio de desvios de comportamento, ele não seria um bom espelho para o Senhor Jesus (E mesmo ele não sendo o pai biológico, ele seria o espelho dentro de casa).
A Bíblia não fala muito sobre a pessoa dele, de suas virtudes, mas praticamente uma das únicas que é mencionada, foi uma das coisas que Deus usou mais fortemente para impactar meu coração nesse assunto.
“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”. (Mateus 1.18-21)
Quero que você pare e pense um pouco comigo. A Bíblia diz que quando José ouve a notícia de que Maria está grávida, eles eram noivos. A palavra desposado significa comprometido antes do casamento. Um estava comprometido ao outro; ele estava aguardando o casamento e como um homem de Deus, ele espera o casamento antes de se envolver com sua mulher. Mas, de repente, ele ouve a notícia: Maria está grávida! Sabe que não foi ele e, nunca se ouviu falar nem antes, nem depois, de alguém ter concebido do Espírito Santo… Então tente imaginar José cogitando, qual a probabilidade do que possa ter acontecido. Na mente dele era uma coisa só que se passava: Maria o tinha traído, o tinha rejeitado, tinha quebrado a aliança antes mesmo dela ser definitivamente estabelecida. É lógico que isto não aconteceu de fato, mas até que José recebesse um esclarecimento de Deus, foi o que pensou.
Se ele abrisse a boca dizendo que ela estava grávida, pela lei de Moisés ela poderia até ser apedrejada. José poderia ceder ao espírito vingativo, ao rancor, ao ciúme. Ele podia no mínimo ter defendido seu lado, mas a Bíblia diz que José era homem justo, e porque ele era justo, não queria difama-la, então ele intenta deixa-la secretamente. Em sua mente ele estava dizendo: acabou. Só que preferia sair de fininho, para não complicar a vida dela. Ela ainda estava pensando isso, quando o anjo do Senhor apareceu a ele explicando o que estava de fato acontecendo.
Agora responda com sinceridade: você acha que José tinha motivos para falar de Maria ou não? Na mente dele antes que ele soubesse o que aconteceu, era esta a interpretação. Ele poderia ter se achado no direito de falar. A maioria de nós não perderia uma chance dessas para acabar com a outra pessoa! Ele poderia no mínimo ter buscado o direito de se explicar, mas a Bíblia diz que havia nele um traço de caráter, que ao meu entender foi uma das coisas que levou Deus a escolhe-lo para exercer o papel que exerceu.
Imagino Deus vasculhando a terra atrás de um homem decente para ser exemplo ao seu Filho… e me pergunto: o que levou Deus a colocar seus olhos em José e dizer: “é de alguém assim que Eu preciso, alguém que tinha a oportunidade e a possibilidade de destruir a vida de alguém, mas decide fechar os seus lábios, e diz simplesmente que se recusa a difamar”.
Difamar (ou infamar) significa espalhar má fama, falar mal. Então, quando a Palavra de Deus está tocando em um assunto como este, eu acredito que nós precisamos considerar e dizer: “isso é uma coisa mais séria do que a gente normalmente acha que é”. O pecado da maledicência tem ferido muito a Igreja do Senhor, uma vez que Deus se move muito na unanimidade. O Novo Testamento mostra que quando havia unanimidade o Espírito Santo vinha com tudo, mas quando a maledicência, a fofoca, o mexerico e o diz-que-me-diz começam a correr solto no nosso meio, não há como se manter a unidade. E quando a unidade vai embora, vai-se com ela a grande possibilidade de estarmos debaixo de uma grande visitação de Deus.
Se nós queremos ver Deus agir, nós vamos precisar que Deus trabalhe esse traço de caráter na nossa vida. O Senhor Jesus também foi muito enfático no sermão do monte:
“Bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam”. (Lucas 6.28)
Bendizer significa falar bem. Esta foi a ordem do Senhor: fale bem dos que te maldizem, dos que falam mal de você. E ore pelos que te caluniam, pelos que estão inventando histórias sobre você. O Senhor Jesus nos advertiu a não jogar o mesmo jogo!
“Ah! mas fulano também está falando”, diriam muitos. Mas Jesus está dizendo para você não jogar o mesmo jogo! Se alguém falou mal de você, fale bem dele! “Ah! mas ele está me caluniando”… Então ore por ele!
A grande verdade é que quando Deus diz para não falar mal dos outros, Ele não está pensando nos outros, Ele está pensando em você. Porque falar mal de quem quer que seja, prejudica a você e não necessariamente a outra pessoa. Praticar a maledicência é acionar uma lei espiritual que vai te colocar em desvantagem, que vai te trazer prejuízo. Então, quando Ele diz, “não fale mal”, Ele não está tentando proteger a outra pessoa de quem você falaria, Ele está tentando proteger você. Esta é uma ordem e é um mandamento do Senhor Jesus, e Ele espera que nós sigamos aquilo que Ele mandou.
QUEM ESTÁ POR TRÁS
Talvez o grande problema da maledicência é quem está por trás dela. Nós falamos em primeiro lugar sobre traço de caráter, e agora eu quero mostrar o que está por trás dela. Quando o apóstolo Paulo estava dando instrução sobre quais viúvas deveriam ser socorridas, faz uma afirmação sobre o comportamento de algumas que ele não aprovava:
“Além do mais, aprendem também a viver ociosas, andando de casa em casa; e não somente ociosas, mas ainda tagarelas e intrigantes, falando o que não devem. Quero, portanto, que as viúvas mais novas se casem, criem filhos, sejam boas donas de casa e não deem ao adversário ocasião favorável de maledicência. Pois, com efeito, já algumas se desviaram, seguindo a Satanás”. (1 Timóteo 5.13-15)
Ele diz: Timóteo, tome cuidado com as que estão nesta posição, porque elas vão se tornar ociosas, andando de casa em casa, falando o que não convém… E a expressão que ele usa é “algumas já se desviaram, seguindo após Satanás”. A Bíblia está dizendo que quem instiga maledicência é Satanás e os seus demônios, ele é quem está por trás disto! Quando a Bíblia diz que elas se tornam intrigantes, está chamando elas de promotoras de intrigas. Trata-se de gente que está gerando contenda, confusão no meio do povo de Deus. E Paulo é muito taxativo e diz: “elas estão seguindo a Satanás”!
Você não pode dar outro nome a isso. E ainda tem gente que diz: “Ah, pastor, foi só uma falhazinha, afinal de contas eu também sou humano”. Pois é querido, os humanos são a preferência de Satanás, para disseminar a semente e o mal dele, ele escolhe pessoas como você e eu, porque ele sabe que muitas vezes nós somos susceptíveis à instigação dele…
“Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno”. (Tiago 3.6)
A Bíblia diz que nossa língua é posta em chamas pelo inferno, ou seja, pelos poderes das trevas! Quando falamos mal uns dos outros, estamos dando lugar ao Diabo. Não há meio termo nem outra explicação para isto. Esta é umas das razões pelas quais mais devemos correr deste pecado. Mas além disto, ainda há as consequências…
ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS
Em certa ocasião, o apóstolo Paulo comentou que algumas pessoas o estavam acusando de ter falado algumas coisas que ele não tinha de fato falado, e afirma:
“E por que não dizemos, como alguns, caluniosamente, afirmam que o fazemos: Pratiquemos males para que venham bens? A condenação destes é justa”. (Romanos 3.8)
Ele estava dizendo: “Eu nunca falei isso, eles colocaram estas palavras na minha boca, e porque eles estão me difamando, dizendo que eu disse algo (mesmo não tendo dito), a condenação deles é justa”. O texto fala de condenação, e isto não pode ser visto como coisa boa! E quantos de nós já não fizemos isso? Muitas vezes ouço crentes dizendo: “fulano falou isto”! E pergunto: “você ouviu dele”? Normalmente a resposta é: “Não! Mas ouvi de uma fonte segura”… Então acrescento: “sim, que também ouviu de outra fonte segura, que ouviu de outra fonte segura, e sabe-se lá quantas fontes seguras tem no meio disto tudo”!
Provavelmente você já tenha brincado de telefone sem fio, e sabe que cada conto aumenta um ponto. Sabe, é assim que nós vamos promovendo o mal. E eu acredito que a maioria de nós, os crentes, não falamos mal só pelo gosto de falar mal. Não inventamos o que estamos falando de mal; normalmente são interpretações e equívocos, mas só o fato de estarmos espalhando, se não estamos falando o que devia, pode nos colocar sob condenação!
Além disto, a maledicência nos rouba bênçãos de Deus. O Salmo 140.11 diz que o maldizente não se estabelecerá na Terra. Essa era uma das maiores promessas de Deus desde o início: “você vai se estabelecer na terra que o Senhor Deus te dá, você vai prosperar, você vai ter isso e aquilo”, mas o texto diz que os maldizentes não terão esta bênção. E o pior é que isto é como uma bola de neve, quanto mais rola, mais cresce!
“Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão a impiedade ainda maior. Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto”. (2 Timóteo 2.16-17)
A Bíblia diz que os que estão nisto passarão a uma impiedade ainda maior. Não há como interromper esse processo depois que você começa. A Bíblia diz que isso corrói, cresce como câncer, são células mortas, cancerígenas, crescendo no corpo e estragando aquilo que Deus projetou para funcionar de forma adequada.
A Escritura nos mostra que as consequências são sérias, que se trata de um pecado grave. Quando o apóstolo Paulo fala de alguns pecados que impedem as pessoas de herdar o reino de Deus, inclui os maldizentes na lista:
“Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus”. (1 Coríntios 6.9-10)
Jesus também afirmou que do coração do homem procede muitos dos pecados e incluiu a blasfêmia na lista:
“Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem”. (Marcos 7.21-23)
Blasfemar significa falar mal, infamar. Jesus colocou a blasfêmia junto com a prostituição, o homicídio e o furto. Mas em nossa mente tentamos desassociar tais pecados e nos convencer que não é assim tão sério. Não podemos negar. A Palavra de Deus nos mostra que a maledicência causa um estrago muito grande no meio da igreja de Cristo, é por isso que nós precisamos abandona-la, é por isso que nós precisamos deixa-la de lado, se queremos experimentar o que Deus prometeu e o que Ele disse que faria, nós temos que deixar de lado o que impede o nosso crescimento e impede o crescimento dos outros.
“O homem perverso espalha contendas, e o difamador separa os maiores amigos”. (Provérbios 16.28)
Criamos tantos problemas com a nossa língua! Se a domássemos, a maior parte deles acabaria:
“Sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda”. (Provérbios 26.20)
Uma das consequências mais graves em nossa vida é que a maledicência abre espaço para que o diabo tenha autoridade de ferir nossas vidas. A maledicência é uma brecha, uma legalidade para Satanás nos ferir. Falando de Israel no deserto e que essas coisas nos servem de exemplo, Deus diz:
“Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e pereceram pelo destruidor”. (1 Coríntios 10.10)
Tem muito crente sendo ferido pelo diabo. Não porque a proteção de Deus não seja eficaz, mas porque abre brechas com sua própria língua bifurcada. Se você não tem conseguido deter os ataques do diabo contra sua vida, sugiro re-examinar seu comportamento nesta área, pois a probabilidade de falharmos nela é grande!
PRIVADOS DA PRESENÇA DIVINA
Quando tratava comigo nesta área, o Senhor falou ao meu coração que a maledicência, além de fazer de nós um canal de Satanás, ainda nos rouba a presença de Deus.
“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho”. (Salmo 15.1-3)
Este texto não só nos revela que para estar na presença do Senhor precisamos vencer este pecado, como também traz um pouco mais de luz sobre este tipo de erro. O texto fala de dois tipos de pecado da maledicência: ativo e passivo. O que difama com a língua é o ativo, e o passivo é o que ouve. Porque quando você ouve o maldizente (mesmo se você não fala nada) também está pecando por cumplicidade (Lv 19.16,17). Logo, quando emprestamos o ouvido a um maldizente estamos participando do mesmo pecado. E isto nos priva da presença de Deus.
Se você observar Efésios 4.29 que fala sobre não entristecer o Espírito Santo, vai perceber que o versículo anterior e o posterior retratam pecados cometidos com a língua. Logo, se queremos uma vida cheia do Espírito, é preciso corrigir isto. Portanto, evite a maledicência. Você faz isso de duas formas: evitando a maledicência e também evitando o maldizente
EVITANDO FALATÓRIOS E FALADORES
“E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe chamam, pois alguns, professando-o, se desviaram da fé”. (1 Timóteo 6.20)
Assim como o justo não se assenta na roda dos escarnecedores, precisamos também cuidar para que não nos enredemos por este pecado. Mas eu não só evito pecar com minha boca, como também evito pecar cedendo meus ouvidos à maledicência. As Sagradas Escrituras nos ensinam a evitar os maldizentes:
“Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais”.  (1 Coríntios 5.11)
Desta forma, venceremos e continuaremos a crescer no Senhor.
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Autor: Luciano P. Subirá. 
Para entender mais sobre os princípios bíblicos relacionados à forma correta de usar a língua, recomendo a aquisição e leitura do livro POR TRÁS DA LÍNGUA, de Rawlinson Rangel.

6 de novembro de 2013

LIVRO DE AGEU


 

Livro de Ageu

 Deus é categórico ao dizer: "O meu Espírito habita no meio de vós" (v. 5b). Por que Deus habitava no meio do povo de Israel, e não no interior dos homens, como é o caso da Igreja? Porque para Deus habitar no homem é preciso circuncidarem os seus corações (...) A circuncisão do coração só é possível através da fé em Deus, a mesma fé que teve o crente Abraão. Quem crê em Deus receberá a circuncisão que dá vida "O Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração dos teus descendentes, a fim de que ames o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a alma, para que vivas" (Deuteronômio 30: 6).
1 NO segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Sealtiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, dizendo:
2 Assim fala o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do SENHOR deve ser edificada.
3 Veio, pois, a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
4 Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica deserta?
5 Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.
6 Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vesti-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado.
7 Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.
8 Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei, e serei glorificado, diz o SENHOR.
9 Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu dissipei com um sopro. Por que causa? disse o SENHOR dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa.
10 Por isso retém os céus sobre vós o orvalho, e a terra detém os seus frutos.
11 E mandei vir a seca sobre a terra, e sobre os montes, e sobre o trigo, e sobre o mosto, e sobre o azeite, e sobre o que a terra produz; como também sobre os homens, e sobre o gado, e sobre todo o trabalho das mãos.
12 Então Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote, e todo o restante do povo obedeceram à voz do SENHOR seu Deus, e às palavras do profeta Ageu, assim como o SENHOR seu Deus o enviara; e temeu o povo diante do SENHOR.
13 Então Ageu, o mensageiro do SENHOR, falou ao povo conforme a mensagem do SENHOR, dizendo: Eu sou convosco, diz o SENHOR.
14 E o SENHOR suscitou o espírito de Zorobabel, filho de Sealtiel, governador de Judá, e o espírito de Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote, e o espírito de todo o restante do povo, e eles vieram, e fizeram a obra na casa do SENHOR dos Exércitos, seu Deus,
15 Ao vigésimo quarto dia do sexto mês, no segundo ano do rei Dario.
( Ag 1:1 -15)

Alerta aos Lideres
O nome Ageu significa 'festivo'. Ele foi profeta para o restante de Judá deportado para a sua terra após os 70 anos de cativeiro.
Ageu deixou registrado cinco mensagens de Deus ao povo de Judá, e datou-as de acordo com o reinado gentílico dos medo-persa. Os estudiosos apontam Dario I Hystaspis como sendo o monarca à época.
Ora, não é porque Ageu datou as suas profecias que elas são consideradas as mais detalhadas. Observe que a função da profecia é consolar, edificar e exortar "Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação" ( 1Co 14:3 ), e, geralmente refere-se ao tempo presente dos ouvintes da mensagem.
A datação da profecia é possível, visto que ela visa consolar, edificar e exortar os ouvintes. Diferente é a visão, ou o oráculo, que refere-se a um tempo que não é pertinente aos homens saber, visto que o amanhã não pertence ao homem "Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal" ( Mt 6:34 ).
Jesus mesmo alertou acerca da coisas futuras: "Não vos pertence saber os tempos ou as épocas que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder" ( At 1:7 ).
No primeiro dia, do sexto mês, do segundo ano de reinado do rei Dário (Dario I Hystaspis) profetizou Ageu ao governador de Judá Zorobabel e ao sumo sacerdote Josué, segundo a palavra do Senhor (v. 1).
Zorobabel era governador em Judá, sendo filho de Sealtiel. Já Josué era sumo sacerdote, filho de Jozadaque.
Por intermédio do profeta Ageu, Deus reproduz a fala do povo: "Não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada" ( Ag 1:2 b). O povo estava desanimado quanto a reconstrução do templo.
Deus questiona a fala do povo através dos seus lideres: religioso e político. Respectivamente Judá e Zorobabel. Deus pergunta por intermédios dos lideres do povo se era o tempo deles estarem morando em casas prontas (apaineladas), enquanto o templo estava em ruínas.
Ora, eles voltaram do cativeiro e o foco era construir as suas casas e terminá-las em todos os seus detalhes, mas não pensavam na restauração do templo.
Deus faz o povo relembrar o passado, para considerarem se não havia algo errado com eles. Eles semeavam muito e colhiam pouco. Comiam, mas não era o bastante para se fartarem. Bebiam, mas não estavam saciados. Apesar de estarem vestidos, não estavam aquecidos. Aqueles que recebiam salário era como se não recebessem (v. 6).
Deus chama o povo para analisarem o que estava ocorrendo com eles (v. 7).
Se eles percebessem que algo estava errado, que agilizassem a construção do templo. Que subissem ao monte e trouxessem madeira e construíssem o templo. Deus haveria de se agradar do templo e ser glorificado (v. 8).
Enquanto o povo estivessem preocupados em construírem a sua própria casa, esquecendo-se do templo, Deus haveria de mitigar o que angariavam no dia-a-dia (v. 9).
Deus estava retendo o orvalho e os frutos da terra. A seca sobre a terra, a falta de cereal, de vinho, de azeite, e de tudo o que a terra produz era proveniente de Deus, uma vez que o povo não estava se importando com a reconstrução do templo.
As palavras de Deus por intermédio de Ageu visava restabelecer o culto em Judá. A profecia é conforme as leis do culto estipulada em Deuteronômio 12. Eles deviam reconstruir o templo porque foi ali o lugar que Deus escolheu para os filhos de Israel cultuarem a Deus ( Dt 12:10 -11).
Os cristãos não devem pautar a sua vida material e financeira segundo o estipulado nas palavras desta profecia ao povo de Judá. Porque? Por que a instabilidade na colheita, na alimentação, na bebida, nas vestes e no salário era um sinal de Deus ao povo de Israel conforme as palavras de Salomão quando da inauguração do primeiro Templo.
Ao orar a Deus, Salomão profetizou acerca do pecado de Israel e da sua dispersão entre os povos. Porém, quando orassem e suplicassem a Deus no templo, haveriam de ser perdoados ( 1Rs 8:33- 34).
Quando os céus se cerrassem, eles se lembrariam da palavras registradas por Salomão quando inaugurou o primeiro templo ( 1Rs 8:35 -36). A fome e todas as pragas seriam afastadas quando o povo orasse ao Senhor estendendo as suas mãos em direção ao templo ( 1Rs 8:37 -40).
Se o povo considerasse o passado, veriam que em nada tinham mudado. Continuavam do mesmo modo quando foram levados cativos. Ninguém havia considerado e verificado por que haviam sido dispersos. Todo mal sobreveio porque o povo havia pecado contra o Senhor. Agora que retornaram do cativeiro, continuavam centrados nos afazeres domésticos e não se lembravam do Senhor.
Ora, os cristãos não estão debaixo desta palavra, pois são templo e habitação do Deus vivo. Como foram recebidos por filhos, a correção do Senhor é diferente, conforme escreveu o escritor aos Hebreus ( Hb 12:5 -13).

Alerta aos Lideres e ao Povo
Diante da mensagem de Deus, Zorobabel e Josué, juntamente com o povo, atenderam a voz de Deus e se puseram a construir o templo.
Durante a construção do templo Deus confortou o povo dizendo: "Eu sou convosco, diz o Senhor" (v. 13b).
O povo atendeu a voz do Senhor, e após 24 dias da mensagem levada a Zorobabel e a Josué, a reconstrução do templo teve inicio (v. 15).
Observe que o povo e os lideres foram animados através da palavra do Senhor. Quando lemos no Novo Testamento o apóstolo Paulo dizendo: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder" ( Ef 6:10 ), ele está recomendando que o cristão tome força na palavra de Deus, pois ela é o poder de Deus, para salvação e para fortalecer.
Através da profecia entregue por Ageu, o povo de Judá foi edificado, exortado e consolado.

1 NO sétimo mês, ao vigésimo primeiro dia do mês, veio a palavra do SENHOR por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
2 Fala agora a Zorobabel, filho de Sealtiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote, e ao restante do povo, dizendo:
3 Quem há entre vós que tendo ficado, viu esta casa na sua primeira glória? E como a vedes agora? Não é esta como nada diante dos vossos olhos, comparada com aquela?
4 Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o SENHOR, e esforça-te, Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote, e esforça-te, todo o povo da terra, diz o SENHOR, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o SENHOR dos Exércitos,
5 Segundo a palavra da aliança que fiz convosco, quando saístes do Egito, o meu Espírito permanece no meio de vós; não temais.
6 Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, farei tremer os céus e a terra, o mar e a terra seca;
7 E farei tremer todas as nações, e virão coisas preciosas de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o SENHOR dos Exércitos.
8 Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o SENHOR dos Exércitos.
9 A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos.

( Ag 2:1 -9)

A Glória do Segundo Templo
O Senhor convoca os velhos que anunciem diante do povo a diferença gritante entre o primeiro templo que foi destruído e o novo templo que estava sendo erguido.
Ora, somente os velhos viram a glória do Templo de Salomão e poderiam estabelecer uma relação com o templo que estava sendo erguido.
A pergunta é clara: "Quem há entre vós que, tendo edificado, viu esta casa na sua primeira glória?". Como o cativeiro na terra dos caldeus durou 70 anos, ainda havia entre o povo quem viu o Templo de Salomão em sua magnificência arquitetônica.
Os velhos ao verem a casa do Senhor sendo construída, era como algo insignificante.
Deus esperava dos velhos que anunciassem aos jovem quão diferente eram os templos, pois este diferencial era essencial a mensagem que seria anunciada (v. 3).
Diante da aparente insignificância do novo templo, o governador de Judá tinha que ser forte. Josué tenha que ser forte. O povo tinha que ser forte, ou seja, confiar que o Senhor dos Exércitos estava com quem trabalhava na construção do novo templo.
Por que o povo devia aplicar-se ao trabalho no templo? Deus responde: "Porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos, segundo a palavra da aliança que fiz convosco, quando saíste do Egito" ( Ag 2:4 -5). Ou seja, a aliança do Senhor não havia sido invalidada por causa da rebeldia de Israel. Eles podiam trabalhar fiados que Deus estava com eles, apesar da aparente insignificância do templo que estava sendo erguido.
Deus é categórico ao dizer: "O meu Espírito habita no meio de vós" (v. 5b). Por que Deus habita no meio do povo de Israel, e não no interior dos homens, como é o caso da Igreja? Porque para Deus habitar no homem é preciso circuncidarem os seus corações.
A circuncisão do coração só é possível através da fé em Deus, a mesma fé que teve o crente Abraão. Quem crê em Deus receberá a circuncisão que dá vida "O Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração dos teus descendentes, a fim de que ames o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a alma, para que vivas" ( Dt 30:6 ).
Após a circuncisão do coração, obra exclusiva de Deus, é feito morada no interior do homem, pois Ele mesmo diz: "Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos" ( Is 57:15 ).
O coração circuncidado é equivalente ao coração contrito. Somente quando Deus lança fora o coração enganoso e incorrigível ( Jr 17:9 ), é que ele torna-se contrito, e o habitar de Deus lhe concede vida, a vida que há em Deus "Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo" ( Sl 51:10 -11).
Naqueles que crêem Deus faz morada em seus corações, mas no povo que foi escolhido, Deus habita no meio dele, ou seja, Deus não habita no interior dos homens (indivíduos), e sim, no meio do povo (coletivo).
Por causa da aliança que Deus fez com o povo de Israel, quando eles foram tirados do Egito, é que o Espírito de Deus permanecia com o povo (v. 5). Esta promessa foi feita a Moisés, como se lê: "Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir deste lugar (...) Então disse o Senhor a Moisés: Farei também isso que disseste..." ( Ex 33:15 -17).
Deus promete ao povo e aos seus lideres que uma vez mais haveria de fazer tremer os céus e a terra, o mar e a terra. O tempo estipulado para ocorrer o evento prometido é incerto, mas Deus demonstra que será em breve. Com relação ao tempo, observe o diferencial entre esta promessa e o comentário ao verso 1, do capítulo 1, acerca das datas que Ageu colocou em cada profecia.
Embora alguns tradutores contestem a tradução de Almeida, por escrever: 'virá o desejado de todas as nações', ela é preferível a idéia que outros tradutores apresentam: 'as coisas preciosas de todas as nações'.
É certo que no milênio as nações trarão das suas riquezas a Jerusalém "Então o verás, e serás iluminado, e o teu coração estremecerá e se alargará; porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas dos gentios virão a ti" ( Is 60:5 ), porém, a riqueza do qual o profeta faz referência e que as nações desejam, não diz de bens materiais.
Deus haveria de fazer tremer todas as nações e o desejo de todas elas haveria de vir. Aquele que veio e encheu de glória o templo que estava sendo construído pelo povo sob a supervisão de Zorobabel foi Cristo, o Messias. Ora, Cristo é o prometido a Israel, e o desejado de todas as nações.
Ora, todas as nações desejam ter um rei e um sacerdote como o Messias de Israel. O que as nações desejam foi concedido ao povo de Israel. Ele veio para os que eram seus, mas eles não o receberam.
As coisas preciosas (riquezas) das nações também serão levadas para um templo em Israel, porém, tal profecia não refere-se ao templo que foi construído pelo povo que retornou do cativeiro, pois ele foi destruído por Tito, General Romano, no ano 70 d. C.
Deus promete ao povo que haveria de encher a casa da sua glória. O primeiro Templo encheu-se de uma nuvem escura, e os sacerdotes não podiam ficar em pé, por causa da nuvem, pois a glória de Deus encheu a casa ( 2Cr 5:14 e 2Cr 6:1). Eles não puderam contemplar a glória do Senhor, pois nem mesmo a nuvem escura suportaram.
Porém, segundo relatou o apóstolo João, eles viram a glória do Senhor. Deus se fez carne e habitou (residiu) entre os homens. E muitos à época puderam contemplar a glória de Deus, a glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade ( Jo 1:14 ).
Deus enfatiza ao povo de Israel, que à época estava empobrecido, que Ele é o dono da prata e o dono do ouro. Por que Deus enfatiza que é dono das riquezas que há no mundo? Porque os velhos iriam relatar a grandeza e a riqueza despendida na construção do primeiro templo por Salomão.
Muitos dentre o povo iriam questionar: Se Deus é o dono do ouro e da prata, por que a dificuldade na construção do templo? Por que o templo era menor e inferior ao templo construído por Salomão, se este teria maior glória? Como seria isto possível?
Deus afirma ser o dono do ouro e da prata e aponta uma glória maior para o templo que estava sendo construído, se comparado com a glória do templo de Salomão.
A glória seria proveniente do ouro e da prata a ser empregada na construção? Não! Embora Deus é o dona do ouro e da prata, a glória seria maior porque Deus haveria da a paz tão almejada ao longo dos séculos.
A glória maior do segundo templo seria proveniente da paz que Deus estabeleceria entre Ele e os homens. Como Cristo, que é a paz de Deus concedida aos homens ( Ef 2:14 ), haveria de adentrar o templo que estava sendo construído, a glória do templo superou em muito a glória do primeiro templo.
Enquanto no templo construído por Salomão os sacerdotes não conseguiram ver a glória de Deus (não agüentaram ver uma nuvem escura), no novo templo, todos os homens viram a glória de Deus manifesta aos homens, como o Unigênito de Deus.
Enquanto no primeiro templo era necessário a figura do sacerdote para o homem ter acesso a Deus, no segundo templo, todos que quisessem tiveram acesso a Cristo. Ele mesmo disse ao povo: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" ( Mt 11:28 ).
Quem eram os cansado que foram convidados a ir a Cristo? Todos os pecadores, sem exceção! Observe que não há uma instituição e nem sacerdotes para fazer mediação entre Cristo e os pecadores. Ele mesmo disse: "Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento" ( Mt 9:13 ).

10 Ao vigésimo quarto dia do mês nono, no segundo ano de Dario, veio a palavra do SENHOR por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
11 Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo:
12 Se alguém leva carne santa na orla das suas vestes, e com ela tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura ficará isto santificado? E os sacerdotes responderam: Não.
13 E disse Ageu: Se alguém que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam, dizendo: Ficará imunda.
14 Então respondeu Ageu, dizendo: Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o SENHOR; e assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é.
15 Agora, pois, eu vos rogo, considerai isto, desde este dia em diante, antes que se lançasse pedra sobre pedra no templo do SENHOR,
16 Antes que sucedessem estas coisas, vinha alguém a um montão de grão, de vinte medidas, e havia somente dez; quando vinha ao lagar para tirar cinqüenta, havia somente vinte.
17 Feri-vos com queimadura, e com ferrugem, e com saraiva, em toda a obra das vossas mãos, e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o SENHOR.
( Ag 2:10 -17)

Fundaram o Templo
Deus manda o profeta ao povo avisar-lhes de que deveriam ir aos sacerdotes perguntar acerca de um ponto específico da lei (v. 11). A pergunta que deveriam fazer aos sacerdotes era: "Se alguém leva carne santa na orla das suas vestes, e com ela tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura ficará isto santificado? (v. 12).
Eles foram ao sacerdote e a resposta foi: não! Caso alguém deixasse algo santo (separado) tocar em qualquer outro tipo de alimento, de maneira alguma haveria de ser santo "E os sacerdotes responderam: Não" (v. 12).
Do mesmo modo, se alguém tocasse um corpo morto, todas as coisas que tocassem ficaria imunda também. Ora, os sacerdotes estavam ouvindo as perguntas do profeta Ageu, e ele responderam dizendo: "Ficará imunda" (v. 13).
Com base nestas duas perguntas, que os sacerdotes conhecedores da lei auxiliaram na resposta, Ageu estabeleceu um comparativo segundo a palavra de Deus: "Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o SENHOR; e assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é" (v. 14).
Deus demonstra que, assim como alguém torna-se imundo por tocar nalgum corpo morto, e tudo quanto tocar, igualmente tornar-se-á imundo, assim era o povo de Israel. Como povo e como nação, apesar de terem sido escolhidos pelo Senhor dentre todas as nações, eles eram imundos, e tudo quanto tocavam, todas as obras que realizavam, eram imundas, e tudo que ofereciam, era imundo.
Ora, não é porque Deus escolheu o povo de Israel como seu povo especial dentre todos os povos da terra, que eles foram santificados, ou seja, mesmo após serem escolhidos, muitos deles permaneceram imundos.
Por Deus ter escolhido o povo de Israel dentre todos os povos, o povo (nação) tornou-se santo (separada) dos outros povos. Porém, individualmente, cada membro do povo de Israel em particular tinham uma condição diferenciada diante de Deus.
Aqueles que continuaram obstinados de coração, insensíveis à palavra de Deus, permaneciam imundos diante de Deus, embora fizessem parte do povo de Israel, que foi santificado pela escolha de Deus "Sabe, pois, que não é por causa da tua justiça que o SENHOR teu Deus te dá esta boa terra para possuí-la, pois tu és povo obstinado" ( Dt 9:6 ).
Porém, aqueles que ouviram a palavra de Deus e creram, foram agraciados com um novo coração (puro), uma vez que foram circuncidados por Deus ( Sl 51:10 ; Dt 30:6 ). A circuncisão de Deus (circuncisão do coração) leva a morte da velha natureza herdada em Adão, diferente da circuncisão feita no prepúcio da carne que é feita por mão humanas, pois não livra o homem da condenação do pecado de Adão.
Caso a circuncisão na carne livrasse o homem do pecado, as mulheres, por sua vez, não haveriam de livrar-se da condição do pecado, visto que elas não são passíveis da circuncisão na carne.
Como a graça de Deus contempla todos os homens, sem distinção de sexo, nação, povo e condição social, verifica-se que todo aquele que crer (invocar o Senhor) será salvo.
Ora, se a carne santa não santifica os alimentos que são tocados por ela "Se alguém leva carne santa na orla das suas vestes, e com ela tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura ficará isto santificado? E os sacerdotes" (v. 12), e, se tudo que é tocado pelo imundo torna-se imundo (v. 13), o resultado é o protesto divino por intermédio do profeta Ageu: "Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o SENHOR; e assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é" (v. 14).
O maior interesse dos homens para com Deus é ofertar e sacrificar. Porém, tudo que o imundo oferece também torna-se imundo. Todas as obras do imundo também é imunda. Toda a nação, todo o povo de Israel era imundo, e nada do que procuravam oferecer era aceitável diante de Deus.
Perceba que ofertar não torna ninguém agradável a Deus, antes é preciso ao ofertante torna-se agradável, que Ele aceitará a oferta. Por exemplo: Deus aceitou a oferta de Abel porque ele foi aceito por Deus, ou seja, Deus atentou para Abel, e depois, para a oferta "Atentou o Senhor Deus para Abel e para a sua oferta" ( Gn 4:4 ).
A oferta de Caim foi rejeitada porque ele foi confiado na oferta, e não que Deus é galardoador dos que o buscam. Caso Caim tivesse confiado em Deus e não se estribado na oferta, Deus haveria de aceitá-lo, e conseqüentemente para a sua oferta "...mas para Caim e para a sua oferta não atentou" ( Gn 4:5 ).
Por que Deus deu tal aviso solene ao povo? Porque construir o templo não tornaria o povo santo perante Deus. O povo deviam lembrar que, quando Moisés pediu aos seus pais bens e materiais (oferta voluntária) para construir o tabernáculo e o santuário, o povo contribuiu muito além do que era necessário para a construção do santuário, sendo que o povo foi impedido de trazer mais bens ( Ex 25:1 -9 e Ex 36:5 -6).
Porém, eles continuaram sendo imundos e obstinados diante d e Deus. Ou seja, não é porque eles se puseram a construir o templo que houve uma mudança em seus corações. Não era porque estavam trabalhando no templo que cada integrante do povo era santo. Por que? Mesmo o templo sendo santo ao Senhor, como era o caso da carne carregada nas vestes (v. 12), o templo não tinha poder de santificar aqueles que estavam edificando o templo.
Ora, o templo era santo ao Senhor, ou seja, separado para o Senhor porque ele agradou estabelecer ali o seu nome ( 2Cr 7:12 e 16). Porém, o templo e nem o altar podia mudar-lhes a condição de imundo, a não ser o próprio Deus, concedendo-lhes um novo coração e um novo espírito por meio da fé.
Mesmo o povo não sendo santo, agora que eles haviam lançado o fundamento do templo (v. 15), podiam considerar e comparar o que aconteceria com as suas vidas terrenas. Antes de construírem o templo, a instabilidade nos alimentos era visível, pois iam até um monte de grão de vinte medidas, porém, era como se estivesse só dez medidas. Procuravam tirar uma medida de cinqüenta no lagar, e obtinham efetivamente vinte (v. 16).
Antes de lançarem os fundamentos do templo, ele foram feridos pelo Senhor conforme as palavras de Salomão, que edificou o primeiro templo. Compare o verso 17 "Feri-vos com queimadura, e com ferrugem, e com saraiva, em toda a obra das vossas mãos, e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o SENHOR", com o que disse Salomão em 2Cr 6:28 -31.
Mas, agora, por terem lançado os fundamento do templo, Deus estava lhes retribuindo, dando lhes estabilidade e retirando as pragas de sobre as suas obras "Considerai, pois, vos rogo, desde este dia em diante; desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do  SENHOR, considerai essas coisas" (v. 18).
Deus estabeleceu uma data, e, a partir dela, o povo podia ver a diferença em suas vidas terrenas. Após o vigésimo dia, do nono mês, do segundo ano do reinado de Dario, dia em que foi lançada a pedra fundamental do templo, ou quando se inaugurou as obras para a construção do templo.

18 Considerai, pois, vos rogo, desde este dia em diante; desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do SENHOR, considerai essas coisas.
19 Porventura há ainda semente no celeiro? Além disso a videira, a figueira, a romeira, a oliveira, não têm dado os seus frutos; mas desde este dia vos abençoarei.
20 E veio a palavra do SENHOR segunda vez a Ageu, aos vinte e quatro dias do mês, dizendo:
21 Fala a Zorobabel, governador de Judá, dizendo: Farei tremer os céus e a terra;

22 E transtornarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos dos gentios; e transtornarei os carros e os que neles andam; e os cavalos e os seus cavaleiros cairão, cada um pela espada do seu irmão.
23 Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, tomar-te-ei, ó Zorobabel, servo meu, filho de Sealtiel, diz o SENHOR, e far-te-ei como um anel de selar; porque te escolhi, diz o SENHOR dos Exércitos.
( Ag 2:18 -23)

Promessas
Deus pergunta ao povo por intermédio de Ageu: "Porventura há ainda semente no celeiro? Além disso a videira, a figueira, a romeira, a oliveira, não têm dado os seus frutos; mas desde este dia vos abençoarei" (v. 19).
A pergunta divina demonstra que o povo estava passando necessidades. O que a terra produzia não dava para o povo armazenar. Eles não tinham sementes o bastante que pudessem armazenar nos celeiros.
Eles deviam considerar que a falta não era somente de sementes, antes faltava os frutos da videira, da figueira, da romeira e da oliveira. Deus ordenou ao povo que considerassem, ou seja, que analisassem os eventos, comparando a produtividade da terra antes e depois de lançarem os fundamentos do templo.
Antes de lançarem o fundamento do templo havia instabilidade de alimentos, após iniciarem a construção do templo, deu-se inicio o tempo estipulado em que Deus os abençoaria (v. 19).
No mesmo dia, ao vigésimo quarto dia do mesmo mês, Deus falou por intermédio de Ageu ao rei de Judá, Zorobabel. Foi lhe dito: "Farei tremer os céus e a terra" ( Ag 3:21 ).
À época de Zorobabel, rei de Judá, as nações gentílicas eram muito maiores em poder e força. Israel era somente um povo sob o jugo de outras nações. Zorobabel governava Israel por concessão dos medos.
Zorobabel foi um dos descendentes na carne de Jesus, e ao profetizar a um representante legal e legítimo da linhagem de Davi, Deus deu a entender a relação que havia entre o Messias e Zorobabel ( Ag 2:23 ).
A mensagem de Deus a Zorobabel tinha o objetivo de incentivá-lo na condição de líder do povo. Novamente Deus promete fazer tremer os céus e a terra conforme foi predito no capítulo 2, versos 6 à 9.
Há um dia específico para Deus fazer tremer os céus e a terra, e este dia não compete aos homens saber, pois Deus o estabeleceu pelo seu próprio poder ( At 1:7 ). A data quando o profeta anunciou a palavra de Deus é de conhecimento, pois o profeta deixou registrado (v. 20). Agora, quando se daria os eventos anunciados pelos profetas, eles mesmos inquiriam e indagavam acerca dos tempos e da salvação ( 1Pe 1:10 -11).
Quando Deus fará a terra e os céus tremer? O tempo estabelecido por Deus é: "Ainda uma vez, dentro em pouco", ou seja, segundo o tempo que Deus estabeleceu ( Ag 2:6 ).
Como o céu e a terra será abalado? Através de tremores de terra (terremotos)? Mudanças climáticas acentuadas?
Ora, Deus disse a Zorobabel por intermédio de Ageu que, abalar céus e terra é o mesmo que transtornar o 'trono' dos reis e a destruição da força que sustentem o poder dos reinos "Farei abalar o céu e a terra; derrubarei o trono dos reinos e destruirei a força dos reinos das nações..." ( Ag 2:21 -22).
Como é possível destruir a força das nações? Derribando os homens dos seus cavalos de modo sobrenatural: cada homem cairá pela espada do outro "Naquele dia também haverá da parte do Senhor grande confusão entre eles; cada um agarrará mão do seu próximo, cada um levantará a sua mão contra o seu próximo" ( Zc 14:13 ).
Ageu demonstra que Deus haverá de abater as nações de modo espantoso e maravilhoso. O tempo em que as nações serão subvertidas não compete aos homens saber, mas Deus demonstra através de varias profecias que Deus haverá de entregar o poder dos reinos ao seu Cristo, conforme diz o Salmo segundo.
Observe que Ageu aponta dois momentos distintos da vida de Cristo. Ele aponta Cristo, o desejado de todas as nações adentrando no templo, o que tornou o templo que estava sendo desprezado superior em glória ao primeiro templo (Templo de Salomão). Ageu também demonstra uma fase na vida do Cristo que é sem par na história da humanidade, e refere-se a um futuro certo, porém, indeterminado no tempo

fonte: Bíblia Comentada

31 de outubro de 2013

Armadura e Arma

A questão é saber que armas poderosas são essas, que estão acima das nossas forças físicas e nos faz vitoriosos no mundo espiritual.

"Porque , ainda que vivamos na carne, não militamos segundo a carne. Não são carnais as armas com que lutamos. São poderosas, em Deus, capazes de arrasar fortificações. Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e o reduzimos à obediência a Cristo". 2 Co 10.3-5

Partindo da ideia que basta estar vivo para que haja a necessidade de lutar, percebemos que lutamos diariamente por tudo em nossa existência, lutamos pelo pão, pela família, pela igreja, pela saúde, etc.

Contudo na vida de um cristão além da diária luta material, ou seja no “mundo” físico; há uma luta espiritual. Temos batalhas que são travadas no reino espiritual, num ambiente invisível, às vezes silencioso, mas real. A bíblia diz isso em Ef. 6.12

Nesta batalha espiritual que se trava ao nosso redor, não adianta lutar segundo a carne, não é a nossa inteligência, capacidade, saúde, dinheiro e qualquer tipo de esforço físico ou mental que nos trará a vitória. Apostolo Paulo diz que são as “armas poderosas em Deus”.

Eu e você sabemos a diferença entre a sabedoria do mundo e a sabedoria espiritual? Nós cristãos, os soldados de Cristo não nos iludimos ou nos enganamos com a aparente sabedoria do mundo?

Nossas armas são poderosas em Deus, para derrotarmos as fortalezas diz a bíblia.

  questão é saber Aque armas poderosas são essas, que estão acima das nossas forças físicas e nos faz vitoriosos no mundo espiritual.

 O fato é que na nossa batalha contra o mal, deveríamos usar as armas espirituais de Deus que nos capacitam para vencer.

Quando um soldado sai para uma guerra tem que estár equipado, preparado, treinado para o combate, no mundo espiritual também. Como? Certamente a bíblia, a Palavra de Deus nos dá esta e outras respostas.

Antes vamos esclarecer as armas que o inimigo usa para nos confundir e paralizar são: o engano, sofismas, ignorância e cegueira e morte. Satanás não brinca de MATAR, ROUBAR E DESTRUIR. Está é a sua missão, e ele é obstinado em cumpri-lo.

Outra situação a esclarecer é que devemos distinguir entre ARMAS E ARMADURAS. Um fator interessante de se ressaltar, é que muitos pensam e até ensinam que para entrar na batalha basta se revestir com a armadura de Deus descrita em ef. 6. Com isso temos visto muitos crentes entrar e sair de uma batalha espiritual literalmente arrebentado. Porque?
Porque armadura equipamento de proteção e não arma.
Que armas poderosas são essas?
 
1- SUBMISSÃO A DEUS; vida de retidão

2- DEDICAÇÃO A VERDADE- A Palavra de Deus – buscar no Senhor sua Presença e seu Poder;

3- AUTORIDADE QUE DEUS NOS DEU – (Lc10.19)

4- COBERTURA ESPIRITUAL - Sangue de Jesus- Atesta p/ o fim do senhorio de Satanás como o grande acusador. (Ap.12:12)Reflete o furor de uma batalha e a grandiosidade da vitória. “Venceram pelo sangue”(Ap.12:7-11)
5- O ESPIRITO SANTO- Numa batalha espiritual não se vence sozinho. Deus nos deu o Seu Espírito que é residente em todo aquele que passou pela experiência do novo nascimento.

6- ORAÇÃO PERSEVERANTE- Além da sua importância como instrumento de contato entre nós e Deus, a oração é também uma arma do cristão na guerra espiritual. Use essa arma poderosa que Deus colocou em nossas mãos. Faça da sua vida uma vida de oração e adoração a Deus.

7- FÉ- é uma tremenda arma espiritual. Porque está firmada em Deus e na Sua Palavra e na obra de Cristo por nós. A fé é expressada na palavra que sai da nossa boca: cremos, agimos e liberamos a Palavra. (At.16:18; Hb.11:6).

Conclusao: Na batalha contra fortalezas o crente necessita de ARMAS E ARMADURAS. Sem as quais é impossível estamos firmes contra o ataque do diabo e é por isso que somos atingidos. O soldado romano quando saia à guerra estava totalmente equipado para enfrentar o inimigo. Tinha sobre si a armadura e as armas para se proteger contra o inimigo.

Assim é o crente quando desce ao campo de batalha. Deus não nos envia sem a devida proteção. Ele nos proveu toda a armadura espiritual para que possamos VENCER e permanecer INABALAVEL.( couraça da justiça;calçar os pés com a preparaçao do evangelho da paz; escudo da fé;capacete da salvação e a espada do Espirito)Não sabemos quando o inimigo vem nos atacar. Outra arma que Satanás não conhece a linguagem da mansidão. Invista-se de toda autoridade e o enfrente com rigor, com uma palavra dura, na autoridade, unção e poder do Espírito Santo, nosso Ajudador. E diante destas armas ele vai recuar.
 
Autor: Cida Augusto

15 de outubro de 2013

Rosto Desvendado

 

 Tudo começa com um comportamento específico de Moisés, destacado (e condenado) pelo apóstolo Paulo:
“E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (2 Coríntios 3.13,18)
Ao dizer “não somos como Moisés”, o apóstolo Paulo não está falando de uma virtude do grande libertador de Israel. Essa seria a parte fácil de entender na vida e no comportamento de Moisés. Ele foi o maior vulto do Antigo Testamento. Alguém de quem Deus disse estar acima dos profetas. Alguém que profetizou a vinda do Messias nos seguintes termos: “Deus há de levantar um profeta semelhante a mim”.
O fato é que Paulo está apontando para um erro desse grande líder. Ele fala claramente de uma atitude de fingimento, de falta de transparência. Na verdade, esta é a razão que Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, atribui ao uso do véu por parte de Moisés.
E este erro não é exclusividade de Moisés; na verdade, é algo que todo líder (para não dizer todo cristão), em algum momento, também se encontrará lutando para não cometer.
POR QUE MOISÉS COBRIA O ROSTO?
Quando criança, debaixo da influência dos ensinos da escola bíblica dominical, eu achava que Moisés punha o véu sobre seu rosto para que as pessoas não se assustassem com seu rosto brilhando… ou seja, para que não vissem a glória! Mas Paulo desmente este mito e afirma que a razão do uso desse véu por parte desse grande líder era justamente o contrário: para que os israelitas não vissem que a glória estava sumindo!
Ao olharmos atentamente para o relato bíblico no livro de Êxodo, isto fica bem claro:
“Quando desceu Moisés do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas do Testemunho, sim, quando desceu do monte, não sabia Moisés que a pele do seu rosto resplandecia, depois de haver Deus falado com ele. Olhando Arão e todos os filhos de Israel para Moisés, eis que resplandecia a pele do seu rosto; e temeram chegar-se a ele. Então, Moisés os chamou; Arão e todos os príncipes da congregação tornaram a ele, e Moisés lhes falou. Depois, vieram também todos os filhos de Israel, aos quais ordenou ele tudo o que o Senhor lhe falara no monte Sinai. Tendo Moisés acabado de falar com eles, pôs um véu sobre o rosto. Porém, vindo Moisés perante o Senhor para falar-lhe, removia o véu até sair; e, saindo, dizia aos filhos de Israel tudo o que lhe tinha sido ordenado. Assim, pois, viam os filhos de Israel o rosto de Moisés, viam que a pele do seu rosto resplandecia; porém Moisés cobria de novo o rosto com o véu até entrar a falar com ele.” (Êxodo 34.29-35)
Embora as pessoas tenham se assustado ao ver o rosto de Moisés resplandecendo, o texto sagrado nos revela que ele lhes falou de cara limpa, sem véu algum. O homem de Deus colocou o véu somente depois de falar aos israelitas. E fez isto não só na primeira vez em que seu rosto brilhou; toda vez que ele saía da presença do Senhor o comportamento se repetia: 1) falava ao povo as palavras de Deus; 2) o povo via que seu rosto brilhava; 3) depois de falar e do povo ver que seu rosto brilhava, Moisés cobria a face com um véu até entrar na presença do Senhor e de novo sair com a cara resplandecente da glória divina.
A razão apresentada por Paulo na Epístola aos Coríntios é que Moisés não queria que os israelitas vissem que a glória estava sumindo. Aquela manifestação de glória experimentada pelo homem de Deus não era permanente. Cada vez que esse grande líder de Israel entrava na presença de Deus, recebia uma “recarga” de glória. Mas entre uma ida e outra, a glória desvanecia. E Moisés, como líder que já havia aparecido em público com o rosto brilhando, não queria que as pessoas vissem que a glória estava sumindo.
Para muitos líderes, depois de terem brilhado diante do povo, a grande dificuldade é serem vistos sem glória, sem unção. Há, dentro de muitos de nós, uma desesperada disposição de esconder nossas fraquezas e limitações. Esta é uma das “doenças” que pode atingir os líderes: o complexo de super-herói. Quando estamos cheios da glória exibimos o rosto resplandecente para todo o mundo; quando não temos, encobrimos o rosto (com um véu de engano) para que as pessoas pensem que ainda estamos brilhando – mesmo que, de fato, já não estejamos.
Este erro tem nome: dissimulação. E penso que pior do que errar é querer encobrir isso! Essa atitude é antiga; começou com Adão e Eva. A dificuldade do primeiro casal em admitir seu pecado fez com que eles se escondessem:
“Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim”. (Gênesis 3.7,8) 
Este parece ser um padrão de comportamento do ser humano desde o início da humanidade. E repetidamente é visto na vida de líderes que, mais do que qualquer outra pessoa, devido ao seu nível de exposição pública e da responsabilidade de serem homens (ou mulheres) de Deus, não querem que ninguém, nunca, veja qualquer traço de fraqueza ou pecado em suas vidas.
Foi exatamente isto o que aconteceu com Davi. Ele cometeu pecado ao adulterar com Bate-Seba, mas isto não ofuscaria sua imagem até que a mulher lhe deu a notícia da gravidez resultante do erro deles. Então, a tentativa de encobrir o pecado cometido só deixou pior a situação. O pecado progride de adultério a homicídio, com a consequente perda do filho gerado (2 Sm 11.6-25). Se o rei Davi tivesse reconhecido seu pecado, em vez de fazer de tudo para esconder seu erro, a história teria sido bem diferente e as consequências não tão graves.
Mas, como o homem que foi visto como herói nacional, aquele que as mulheres recebiam com cânticos em seu retorno das guerras, o ungido de Deus, seria avaliado pelo povo que liderava quando se mostrasse sem o brilho de Deus em sua vida?
É lógico que o líder deve ser exemplo, modelo para o rebanho, e que deve cuidar para não perder nunca o exemplo. Ele deve vencer suas fraquezas; o que ele não pode é tentar esconder as fraquezas que já o venceram!
Quando um líder cristão esconde uma fraqueza, uma limitação (e nem estou falando de pecado agora), sua atitude pode parecer qualquer outra coisa, mas ainda é dissimulação!
O apóstolo Pedro, um homem de grande estatura espiritual, uma das colunas da Igreja, quando esteve em Antioquia, acabou demonstrando esta inclinação ao fingimento para que sua imagem não ficasse “arranhada” diante dos demais líderes em Jerusalém:
“Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?”  (Gálatas 2.11-14)
O assunto em questão não era esconder um pecado; somente um ponto de vista, uma opinião, um nível de liberdade que Pedro desfrutava no relacionamento com os gentios e que, obviamente, os irmãos que vieram de Jerusalém a Antioquia não concordavam. O que Pedro fez foi denominado por Paulo como um ato de dissimulação, de fingimento. Ele ainda destaca o fato de que “não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho”.
Assim como outros homens de Deus, como Moisés e Davi, o apóstolo Pedro estava preocupado com sua imagem. O que diriam a seu respeito se soubessem do convívio com os gentios? Líderes tendem a não querer mostrar fraqueza, mesmo se nem for fraqueza de fato, se só puder ser interpretada como tal.
Mas ao dizer “não somos como Moisés, que punha véu sobre a face”, Paulo mostra que, por haver entendido as consequências deste ato, ele preferiu agir com absoluta honestidade em todo o seu comportamento cristão:
“Mesmo que eu preferisse gloriar-me não seria insensato, porque estaria falando a verdade. Evito fazer isso para que ninguém pense a meu respeito mais do que em mim vê ou de mim ouve”.  (2 Coríntios 12.6 – NVI)
Ao examinar o contexto desta afirmação, vemos que Paulo estava falando sobre suas experiências com as visões celestiais. Em outras palavras, o apóstolo estava declarando: “Eu poderia impressionar as pessoas contando minhas experiências com Deus, mas não quero que o conceito delas a meu respeito se baseie nisso. Quero que só pensem acerca de mim o que pode ser visto, de forma simples, no convívio diário”. Ele diz claramente: “Eu evito que pensem que sou mais do que aquilo que realmente sou”.
Penso que entendo um pouco dessa atitude de Paulo, observando o exemplo de um pastor muito amigo meu: o Francisco. Quando eu tinha apenas três anos de idade, ele teve uma experiência extraordinária. Foi arrebatado em espírito por sete dias! Deitou-se para dormir num domingo à noite e, de repente, um anjo entrou em seu quarto declarando ter sido enviado da parte do Deus Altíssimo com o propósito de mostrar-lhe algumas coisas; tomou-o pela mão e partiu para o que gosto de chamar de um “tour celestial”. O Francisco “voltou” desse arrebatamento uma semana depois, na tarde do próximo domingo. A família, durante esse período, e devido ao fato do Francisco não acordar, chegou a chamar um médico que, ao examiná-lo, disse que todos os sinais vitais estavam bem e os aconselhou a esperar.
As coisas que o pastor Francisco viu e ouviu durante esse tempo são surpreendentes. Quando conheci esse querido irmão e soube dessa experiência, questionei porque ele quase não falava sobre isso. Ele me respondeu que fomos chamados para pregar a Palavra de Deus, não nossas experiências. Insisti que as experiências poderiam ser contadas como uma forma de ilustrar e aplicar as verdades bíblicas, não de substituí-las, e, na impetuosidade comum à mocidade, disparei: “Se fosse eu que tivesse passado sete dias no céu, já teria escrito um livro”. Diante disto, o Francisco apenas rebateu: “É por isso que você nunca foi. Esse tipo de experiência não é para fofoqueiro como você”. Minha vontade era dizer: “Desculpe a vergonha que passei”, mas entendi que o silêncio era a melhor forma de encerrar aquela conversa…
Compartilhei isso porque, à semelhança de Paulo, o pastor Francisco me ensinou muito sobre não fazer os outros pensar que somos mais espirituais do que o que realmente somos. Ele sempre me dizia que o “o homem de Deus” que ele era tinha que ser visto na simplicidade do relacionamento diário, não numa encenação exagerada de espiritualidade.
Diferente de Moisés, e de muitos de nós, Paulo preferia tirar a máscara e se apresentar da forma mais sincera e autêntica possível. E há uma razão para esta postura firme do apóstolo, que abordaremos melhor mais à frente: sem transparência e honestidade não há transformação!
O apóstolo Paulo valorizava muito este princípio, não só em sua própria vida como também na vida daqueles em que investia no discipulado. Muitas eu me perguntava: o que Paulo viu em Timóteo que o atraiu tanto? Esse discípulo precisou ser encorajado várias vezes a não negligenciar os dons que recebeu, a não deixar ninguém desprezá-lo pelo fato de ser jovem, e, além disso, não temos registros históricos de grandes conquistas ministeriais da parte dele. Então, o que será que Paulo enxergou nele que produziu uma identificação tão grande? Hoje a resposta me parece clara: uma fé sem hipocrisia:
“Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia.”  (1 Timóteo 1.5)
Outras versões usam as expressões “fé sem fingimento” ou “fé sincera”. Em sua segunda epístola a Timóteo, Paulo destaca novamente a fé sem hipocrisia (2 Tm 1.5), desta vez atribuindo-a diretamente à pessoa de Timóteo. Isto tudo mostra o quanto o apóstolo levava a sério a questão da transparência, da honestidade e da autenticidade.
AS CONSEQUÊNCIAS DE SE COBRIR O ROSTO
Algo assustador que percebo no ensino de Paulo, e que deve servir de forte advertência contra o uso do véu sobre o rosto, é que o “véu do engano” que um líder usa pode ser transmitido para os seus liderados e discípulos:
“Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado.”  (2 Coríntios 3.14-16) 
Observe a expressão “o mesmo véu permanece”. O apóstolo Paulo escreveu essa epístola cerca de mais de um milênio e meio depois de Moisés. No entanto, ele diz que “até os dias de hoje” o “mesmo véu permanece”. É lógico que ele não está falando do mesmo pedaço de pano físico usado pelo grande legislador de Israel. Até porque o texto diz que “o véu está posto sobre o coração deles”, afirmação que concede uma conotação espiritual a esse véu.
A Palavra de Deus nos revela que a atitude de fingimento de Moisés passou a operar (na forma de engano espiritual) no coração dos israelitas – que se orgulhavam de ser discípulos de Moisés (Jo 9.28). Líderes que decidem andar em dissimulação podem estar transferindo um péssimo legado aos seus liderados e discípulos.
Por outro lado, também encontramos na Bíblia o fato de que uma “fé sem fingimento” também pode ser transmitida de geração em geração:
“Pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti.”  (2 Timóteo 1.5) 
A fé sem fingimento que Paulo elogia na vida de Timóteo, seu filho espiritual, vinha sendo transferida por diferentes gerações: da avó Lóide para a mãe Eunice e, finalmente, da mãe Eunice para o filho Timóteo. Esse é o legado que os pais deveriam transmitir aos seus filhos e que cada líder deveria transferir aos seus liderados.
Essas consequências, ao meu entender, já deveriam trazer suficiente temor aos nossos corações de modo a que não venhamos incorrer no mesmo erro de Moisés. Entretanto, há um motivo que deveria gerar ainda mais temor aos que recorrem ao uso do véu em seu rosto. É que, sem desvendar o rosto, não há transformação a ser experimentada pelo poder de Deus.
A GLÓRIA VEM QUANDO SE REMOVE O VÉU
A transformação só acontece com o rosto desvendado. Se não “tirarmos a máscara”, seguramente o poder transformador operado pelo Espírito Santo não irá se manifestar:
“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.”  (2 Coríntios 3.18) 
Você já percebeu a intensidade e a velocidade de transformação que se dá na vida de um novo convertido? Porém, em algum momento na caminhada, o processo de transformação e mudança de vida começa a estagnar. E não é porque o processo – de se conformar com a imagem de Jesus – já tenha se completado!
Depois de mais de vinte anos de ministério, observando o comportamento dos cristãos, posso dizer que isso é um fato. A transformação na vida dos crentes em geral parece perder sua força com o passar do tempo. E penso que uma das grandes razões para isso é que, no início da vida cristã, após a conversão, todos reconhecem as áreas que precisam tanto de mudança e se alegram por toda transformação alcançada (e até testemunham). Porém, depois de um tempo e de muitas vitórias alcançadas, quando o crente começa a ser reconhecido pelos seus irmãos como alguém mais maduro e espiritual, a tendência é não ser mais tão transparente ou sincero a respeito das falhas. E isso vem desde os tempos bíblicos!
Observe, por exemplo, o que aconteceu quando a Palavra de Deus foi pregada em Éfeso:
“E muitos dos que haviam crido vinham, confessando e revelando os seus feitos. Muitos também dos que tinham praticado artes mágicas ajuntaram os seus livros e os queimaram na presença de todos; e, calculando o valor deles, acharam que montava a cinquenta mil moedas de prata. Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.”  (Atos 19.18-20)
Por que a Palavra de Deus crescia e prevalecia em Éfeso?
Não foi apenas porque foi pregada, e sim, porque as pessoas, depois de receberem a pregação, reconheciam e até mesmo confessavam publicamente os seus pecados! Estude cada avivamento na história e você descobrirá que houve confissão de pecados. Este é o ponto. Quando as pessoas reconhecem suas fraquezas, o poder do Espírito Santo pode se manifestar nelas. Isso é doutrina bíblica!
Deus só opera o seu poder transformador quando reconhecemos as áreas problemáticas, e apenas naquela área que admitimos nossos pecados. Veja o que aconteceu com o profeta Isaías quando teve uma visão do Senhor no templo:
“Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado”.  (Isaías 6.5-7)
Já ouvi muitas vezes a pergunta: “qual o mistério do toque na boca?” E sempre respondo que não há nenhum mistério; foi a oração que o profeta fez reconhecendo impureza em seus lábios. Se a oração de Isaías fosse “sou um homem de olhos impuros”, então o toque santificador viria sobre os olhos. Meus filhos, em um de nossos cultos domésticos, afirmaram que, seguindo essa lógica, alguns crentes precisam de um “banho de brasas”!
Essa é uma verdade bíblica incontestável. Deus só age nas áreas em que reconhecemos nossos pecados. O Senhor Jesus ensinou sobre este princípio:
“Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam. Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come [e bebe] ele com os publicanos e pecadores? Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.”  (Marcos 2.15-17) 
Quando, nesta alegoria, Jesus se compara a um “médico”, está falando de si como Salvador; quando fala do “doente” (que precisa da cura do médico) está falando do pecador (que precisa do perdão do Salvador). Porém, quando fala do “são”, não está se referindo a alguém que, por ser justo não precise do Salvador, pois as Escrituras abordam este assunto com clareza: “como está escrito: não há justo, nem sequer um” (Rm 3.10). Se não há ninguém que possa ser justo sem Cristo, quem é esse “são” que não precisa de médico na parábola contada por Jesus? O texto não fala de alguém que seja realmente “são” (justo), mas de alguém que, porque acha que é justo, não reconhece a necessidade do Salvador. Ou seja, não há salvação sem arrependimento e reconhecimento de pecados.
E assim como na conversão, este princípio permanece em toda a vida cristã. Quando desvendamos o rosto, somos transformados. Quando dissimulamos, aparentando não ter pecado algum, a transformação simplesmente não pode acontecer. O Espírito Santo só manifestará seu poder transformador naquelas áreas que expusermos a Ele de forma sincera e honesta. Porém, além de reconhecer fraquezas diante de Deus (que já sabe delas, quer a gente admita ou não), também vejo a necessidade de fazermos isso diante dos homens.
Há uma diferença entre confessar seus erros a Deus e fazê-lo aos homens. Podemos afirmar que o perdão vem com a confissão do pecado a Deus; mas a cura vem com a confissão do pecado aos homens:
“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.  (Tiago 5.16)
Os protestantes, em nome da Reforma, e no zelo de restaurar as verdades bíblicas abandonadas pela Igreja, saíram de alguns extremos para outros. Alguns grupos evangélicos decidiram “jogar fora o nenê junto com a água suja da banheira”. E uma das áreas onde criamos confusão foi na questão da “confissão de pecados”.
Sabemos, pelo ensino bíblico, que se alguém confessa seu pecado diretamente a Deus, receberá o perdão de seu pecado. Condicionar o perdão divino só ao perdão de um sacerdote – ou quem quer que seja – não está em linha com as Escrituras Sagradas. Entretanto, em nome de se consertar desvios doutrinários, criamos outros desvios!
Por exemplo, o apóstolo Tiago está falando sobre confessarmos os nossos pecados uns aos outros; o texto não fala de confissão na vertical – a Deus – e sim de confissão na horizontal – aos nossos irmãos. Quando confessamos nossos pecados ao Senhor, recebemos perdão:
“Se confessarmos os nossos pecados, ELE é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”  (1 João 1.9) 
Mas o texto de Tiago fala de uma confissão de pecados que fazemos “uns aos outros” e com um propósito diferente de ser perdoado (o que acontece quando confessamos a Deus): “para serdes curados”. Quando expomos a outros irmãos áreas de erro e pecado em nossas vidas estamos nos abrindo para receber CURA. Não é a vontade de Deus apenas continuar sempre perdoando alguém do mesmo pecado; mais do que isso, o Senhor quer dar a essa pessoa vitória sobre esse pecado!
Já vi, por exemplo, inúmeras situações de irmãos que estavam tendo problemas com pornografia e que contam, todos eles, a mesma história. Permaneceram, por muito tempo, chorando e confessando diante de Deus suas quedas nessa área; mas somente quando abriram com outros o seu problema é que finalmente alcançaram vitória sobre esse tipo de pecado.
É por isso que a religiosidade é tão danosa. Além de perpetuar a mentira – que tem como pai o próprio diabo – a pessoa que finge uma espiritualidade que não tem entra em uma condição de estagnação na vida espiritual em que não poderá haver transformação.
Por outro lado, é quando admitimos e reconhecemos as fraquezas que o poder de Deus pode, então, se manifestar e operar em nossas vidas:
“Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.”  (2 Coríntios 12.9,10)
Que tremenda definição de graça: o poder (de Deus) que se aperfeiçoa na fraqueza (as nossas)! O apóstolo está dizendo que aprendeu a ter prazer em reconhecer suas fraquezas e limitações, pois esse é o caminho para que o poder de Deus opere em nossas vidas.
Caminhar com o rosto desvendado não nos liberta apenas do alto custo (espiritual e emocional) de se viver de “teatro”, mas ainda permite que sejamos trabalhados e transformados pelo Senhor.
RASGANDO O CORAÇÃO E NÃO AS VESTES
É tempo de tirar as máscaras, remover o véu do rosto e andar em honestidade e transparência. Essa é a essência do verdadeiro arrependimento e o anseio que deve reinar em todo coração que deseja render-se totalmente a Deus. Penso que era disso que o profeta Joel, pelo Espírito Santo, falava aos israelitas de seus dias:
“Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.”  (Joel 2.12,13)
Uau! Rasgar o coração e não as vestes! O que a Bíblia está dizendo?
O hábito dos hebreus de rasgar as vestes para mostrar, em público, as vestes de luto que, até então, estavam escondidas, é mostrado repetidas vezes nas Escrituras. Vejamos um exemplo:
“Quando o rei ouviu as palavras da mulher, rasgou as próprias vestes. Como estava sobre os muros, o povo viu que ele estava usando pano de saco por baixo, junto ao corpo.”   (2 Reis 6.30 – NVI)
O rei de Israel saiu em público vestido normalmente e, de repente, rasgou as vestes comuns para mostrar que, de fato, estava de luto. Os seus verdadeiros sentimentos por toda a crise que atravessavam foi manifestado quando ele rasgou suas vestes. Era uma forma de dizer: “Vocês estão me vendo com roupas normais, mas meu interior está de luto!”
Através do profeta Joel, Deus pediu que os israelitas rasgassem o coração (para mostrar o seu real estado) como prova de arrependimento. A sinceridade e a transparência têm grande poder na luta com o pecado! O Senhor queria que o seu povo mostrasse como realmente estava o interior, pois Ele não se importa com a aparência; o que conta para Deus é o coração.
“O Senhor, contudo, disse a Samuel: Não considere a sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração.”  (1 Samuel 16.7)
O homem tenta manter a aparência porque é assim que os outros homens o veem e medem. Deus quer do homem a transparência não somente pelo fato d’Ele já conhecer o nosso coração, mas, também, porque quer que nós aprendamos a mostrar o nosso interior aos homens (que não podem vê-lo).
Que o entendimento dessas verdades nos ajude a abandonar qualquer expressão de hipocrisia de modo a, pela graça de Deus, andarmos como Paulo: com o rosto desvendado. Concluo com as palavras de Thomas Watson: “É melhor desmascarar nossos pecados antes que eles nos desmascarem”.
 
Autor: Luciano P. Subirá